Homem ao rio sem se dar por isso
Como conspirador de dia, trago hoje uma estória verídica do caraças:
Na passada noite de 21 de Dezembro, uma mulher que ia no cacilheiro 'Seixalense' resolveu sair para o portaló para fumar um cigarro (uma zona em princípio interdita aos passageiros, porque de manobra da marinhagem). Como as águas estavam revoltas, acabou por num balanço, cair ao rio. Alarme dado, buruburinho à portuguesa instalado. Ao que parece o acompanhante da mulher, um guineense, atirou-se à água para a ajudar. Com o pessoal todo a acumular-se no portaló a ver o que se passava, gritos, alvoroço, como é fácil de imaginar. Bóia com cabo à água e depois um marinheiro da Transtejo também se lançou à água para ajudar no salvamento. Do barco, puxam a bóia a custo: o peso dos dois corpos, contra a corrente, a corda de naylon fina a cortar as mãos, nada ajuda. Um dos passageiros, inclina-se na amurada para tentar agarrar os dois infelizes. Não consegue. Outro passageiro, com sapatos castanhos, sobe na amurada. Inclina-se, escorrega e agarra-se na corda da bóia. Cai.
Os dados oficiais referem que foram retiradas das águas do Tejo quatro pessoas: a mulher que caíra, o guineense que se lançara para a salvar, o marinheiro da Transtejo e, ainda o marinheiro que entretanto chegara na lancha da Polícia Marítima e que também se lançou à água para ajudar no salvamento. As pessoas só foram resgatadas com recurso a uma embracação de pesca que, entretanto acorreu ao local. Nem pelo cacilheiro, nem pela lancha da Polícia Marítima fora possivel recolhê-las, por as amuradas serem demasiado altas.
3 de Janeiro. Na redacção do jornal o telefonema. Uma jovem mulher queixa-se que o seu irmão está desaparecido desde o dia 21 de Dezembro. Vestia 'kispo' azul escuro, camisola vermelha, calças castanhas e sapatos castanhos. Aparentemente regressava a casa no 'Seixalense'. O seu saco, com documentos pessoais, foi encontrado abandonado no barco e recolhido pela tripulação. Ficou à guarda da Transtejo, que confirmou o referido saco não pertencer ao guineense que se lançara à água. Mas apesar de conter documentos em nome do desaparecido, aparentemente não procedeu a diligências para o contactarem.
No cruzamento de informações, cresce a hipótese que é o homem da amurada, que é referenciado pela testemunha que estava junto da amurada a puxar a corda da bóia.
Quando escrevo estas linhas, o corpo ainda não apareceu e a Polícia Judiciária procede a investigações. O Estado-Maior da Marinha só toma conhecimento da ocorrência quando telefono a pedir informações sobre o caso.
Apesar das suspeitas - nomeadamente o saco abandonado - e denúncias feitas pelos familiares do desaparecido quer junto da Polícia Marítima, quer da Transtejo, quer da Polícia Marítima, corroboradas pelas declarações de duas testemunhas, nada foi avançado.
Apesar das promessas da PJ junto dos familiares, à hora a que escrevo estas linhas, ainda a Polícia Marítima não tinha sido alertada para operações de busca do corpo. E a Transtejo continuava sem dar crédito a esta versão.
No ano passado, entre três a quatro passageiros caíram ao Tejo a partir dos barcos da Transtejo, sobretudo o ferryboat que, por ser aberto, permitia facilmente os actos irreflectidos dos passageiros mais apressados.
Tudo isto leva a várias questões:
Que treino tem a tripulação dos cacilheiros para situações desta natureza?
Que meios de salvamente existem nestes barcos?
Na investigação a que procedi, as testemunhas referiram quer a falta de meios materiais, quer a falta de meios humanos, sendo as operações ajudadas pelos próprios passageiros. E a falta de quem impusesse a ordem a bordo de forma a minimizar a confusão.
Uma outra questão interessante: porque falta no Porto de Lisboa, para a zona estuarina do rio, considerando uma zona entre Alhandra/Mouchão/Alcochete e Trafaria/Cruz Quebrada, uma embarcação salva-vidas, com tripulação treinada e condições técnicas de resgate de náufragos e capacidade de intervenção rápida de emergência?
Sobretudo uma zona que é cruzada diariamente por centenas de carreiras de passageiros da Transtejo e da Soflusa, entre Lisboa e Barreiro, Montijo, Seixal, Cacilhas ou Trafaria, para já não falar das dezenas de pequenas embarcações de pesca e de recreio.
O salva-vidas mais próximo (se não estiver avariado, o que é uma hipótese muito segura de que um dia voltarei a falar) está ancorado ao largo de Paço d'Arcos.
Enfim, Portugal no seu melhor...
Na passada noite de 21 de Dezembro, uma mulher que ia no cacilheiro 'Seixalense' resolveu sair para o portaló para fumar um cigarro (uma zona em princípio interdita aos passageiros, porque de manobra da marinhagem). Como as águas estavam revoltas, acabou por num balanço, cair ao rio. Alarme dado, buruburinho à portuguesa instalado. Ao que parece o acompanhante da mulher, um guineense, atirou-se à água para a ajudar. Com o pessoal todo a acumular-se no portaló a ver o que se passava, gritos, alvoroço, como é fácil de imaginar. Bóia com cabo à água e depois um marinheiro da Transtejo também se lançou à água para ajudar no salvamento. Do barco, puxam a bóia a custo: o peso dos dois corpos, contra a corrente, a corda de naylon fina a cortar as mãos, nada ajuda. Um dos passageiros, inclina-se na amurada para tentar agarrar os dois infelizes. Não consegue. Outro passageiro, com sapatos castanhos, sobe na amurada. Inclina-se, escorrega e agarra-se na corda da bóia. Cai.
Os dados oficiais referem que foram retiradas das águas do Tejo quatro pessoas: a mulher que caíra, o guineense que se lançara para a salvar, o marinheiro da Transtejo e, ainda o marinheiro que entretanto chegara na lancha da Polícia Marítima e que também se lançou à água para ajudar no salvamento. As pessoas só foram resgatadas com recurso a uma embracação de pesca que, entretanto acorreu ao local. Nem pelo cacilheiro, nem pela lancha da Polícia Marítima fora possivel recolhê-las, por as amuradas serem demasiado altas.
3 de Janeiro. Na redacção do jornal o telefonema. Uma jovem mulher queixa-se que o seu irmão está desaparecido desde o dia 21 de Dezembro. Vestia 'kispo' azul escuro, camisola vermelha, calças castanhas e sapatos castanhos. Aparentemente regressava a casa no 'Seixalense'. O seu saco, com documentos pessoais, foi encontrado abandonado no barco e recolhido pela tripulação. Ficou à guarda da Transtejo, que confirmou o referido saco não pertencer ao guineense que se lançara à água. Mas apesar de conter documentos em nome do desaparecido, aparentemente não procedeu a diligências para o contactarem.
No cruzamento de informações, cresce a hipótese que é o homem da amurada, que é referenciado pela testemunha que estava junto da amurada a puxar a corda da bóia.
Quando escrevo estas linhas, o corpo ainda não apareceu e a Polícia Judiciária procede a investigações. O Estado-Maior da Marinha só toma conhecimento da ocorrência quando telefono a pedir informações sobre o caso.
Apesar das suspeitas - nomeadamente o saco abandonado - e denúncias feitas pelos familiares do desaparecido quer junto da Polícia Marítima, quer da Transtejo, quer da Polícia Marítima, corroboradas pelas declarações de duas testemunhas, nada foi avançado.
Apesar das promessas da PJ junto dos familiares, à hora a que escrevo estas linhas, ainda a Polícia Marítima não tinha sido alertada para operações de busca do corpo. E a Transtejo continuava sem dar crédito a esta versão.
No ano passado, entre três a quatro passageiros caíram ao Tejo a partir dos barcos da Transtejo, sobretudo o ferryboat que, por ser aberto, permitia facilmente os actos irreflectidos dos passageiros mais apressados.
Tudo isto leva a várias questões:
Que treino tem a tripulação dos cacilheiros para situações desta natureza?
Que meios de salvamente existem nestes barcos?
Na investigação a que procedi, as testemunhas referiram quer a falta de meios materiais, quer a falta de meios humanos, sendo as operações ajudadas pelos próprios passageiros. E a falta de quem impusesse a ordem a bordo de forma a minimizar a confusão.
Uma outra questão interessante: porque falta no Porto de Lisboa, para a zona estuarina do rio, considerando uma zona entre Alhandra/Mouchão/Alcochete e Trafaria/Cruz Quebrada, uma embarcação salva-vidas, com tripulação treinada e condições técnicas de resgate de náufragos e capacidade de intervenção rápida de emergência?
Sobretudo uma zona que é cruzada diariamente por centenas de carreiras de passageiros da Transtejo e da Soflusa, entre Lisboa e Barreiro, Montijo, Seixal, Cacilhas ou Trafaria, para já não falar das dezenas de pequenas embarcações de pesca e de recreio.
O salva-vidas mais próximo (se não estiver avariado, o que é uma hipótese muito segura de que um dia voltarei a falar) está ancorado ao largo de Paço d'Arcos.
Enfim, Portugal no seu melhor...
3 Comments:
INPENSÁVEL...!!!!!
NEM COM AS TORRES GEMEAS NEM LONDRES,ELES MELHORARAM A SEGURANÇA.....
SERÁ MAIS TITÃNICO E PIOR QUE NEW ORLEANS...
E ASSIM VAI O PAIS REAL
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