Pergunta existencialista
Um colega jornalista foi cobrir a largada de touros de Samora Correia, de 26 horas, com que aquela vila quis entrar no Guiness. Hoje de manhã conversa entre ele e outro colega: "Sobreviveste à largada sem levares nenhuma cornada?" Resposta: "Porquê? Ainda te dói a cabeça?"
3 Comments:
Será que não teve de pegar o touro de caras? Ainda dizem que a tradição comanda tudo, mas será que toda a tradição merece o nosso respeito? Façamos uma reflexão sobre isto.
Podia fazer uma dissertação sobre o que significam, simbolicamente, as largadas de touros. Mas para isso vai ao Departamento de Antropologia da Universidade Nova de Lisboa e procura a minha tese de Antropologia sobre a aldeia de Vera Cruz, concelho de Portel, distrito de Évora. É que eu já não tenho paciência para reformular aqui toda a tese. Agora, a questão pode ser encarada de outra forma: fará sentido, hoje em dia as largadas e touradas? Que sentido em termo ético? No entanto, nesta posta, não é questão ética que está em causa, mas apenas contei um diálogo expontâneo a que assisti e a graça está na resposta, uma forma airosa de dizer que o outro tinha cornos... Ai que tenho de explicar tudo tintim-por-tintim...
Quem é que diz que a tradição comanda tudo?! Tudo, o que inclui as tradições, deve ser ponderado e questionado. Agora também acontece que a sensibilização das pessoas demora tempo e há que ser feita. As touradas e largadas já tiveram mais adeptos em Portugal e, por outro lado, a questão do sofrimento animal ou dos "direitos" deste é relativamente recente, pelo menos no nosso país. Ainda assim, tem vindo a conquistar adeptos, sobretudo nas urbes, onde o relacionamento com os animais é de cariz diferente do que o que se encontra no campo, no meio rural.
Enviar um comentário
<< Home